TERRITÓRIO
EXTRATIVISMO DO BABAÇU
A região do Bico do Papagaio, localizada no extremo norte do Tocantins, é uma área de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, com a presença marcante das matas de cocais de babaçu (Attalea ssp.), das Quebradeiras de Coco Babaçu e da agricultura familiar.
O extrativismo do babaçu ocupa um importante papel na economia da agricultura familiar e é desempenhado sobretudo pelas mulheres Quebradeiras. A palmeira garante o sustento de inúmeras famílias e contribui para grande parte da renda familiar, trazendo também valorização do saber e da cultura regional.
Manter a palmeira em pé garante a manutenção da vida e dos saberes das Quebradeiras de Coco. Existe uma forte luta pela preservação dos babaçuais e pelo livre acesso às palmeiras, por meio da organização das Quebradeiras de Coco, da divulgação das propriedades nutricionais e medicinais dos produtos do babaçu, da diversificação do aproveitamento do babaçu e da ampliação dos mercados.
UMA CADEIA PRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR
O coco babaçu, na região do Bico do Papagaio, pode ser considerado uma cadeia produtiva complexa e estruturada a partir da organização da agricultura familiar. Diferentes gerações de famílias dominam a tecnologia de produção, já estão plenamente adaptadas ao ecossistema e vendem a própria produção.
Nos últimos anos, as mulheres quebradeiras de coco passaram a diversificar mais o aproveitamento do coco babaçu, o beneficiamento da amêndoa, garantindo a produção de óleo, azeite e sabão. A farinha do babaçu é um produto que vem se consolidando e a venda do carvão também foi aperfeiçoada. A juventude tem uma forte participação na confecção de artesanato.
Os babaçuais formam um ecossistema extremamente complexo e sustentável. A adaptação de diversas gerações de mulheres quebradeiras de coco ao ecossistema dos babaçuais levou à criação de uma relação social e ecológica bastante forte. O domínio tecnológico das mulheres quebradeiras de coco no manejo dos babaçuais foi construído ao longo de diferentes gerações, levando à extrema habilidade atual. O domínio econômico da venda e comercialização dos produtos do coco babaçu, realizado há décadas pelas mulheres quebradeiras do Bico do Papagaio, torna essa atividade uma base sólida, permanente e sustentável de renda.
A existência de uma base confiável na atividade econômica em torno do coco do babaçu cria condições positivas para a diversificação dos sistemas de produção. Muitas famílias realizam diferentes transições produtivas, diminuindo a atividade do babaçu e introduzindo novas atividades. É provável que essas mudanças ocorram de forma bastante segura, pela experiência de produção vivenciada anteriormente por essas famílias.
MATAS DE BABAÇU
O babaçueiro está presente nos biomas Amazônico e Cerrado. Os estados com maior predominância são: Acre, Amazonas, norte do Mato Grosso, Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia e Tocantins. Entretanto, as grandes extensões de florestas homogêneas de babaçus, chamadas babaçuais, são encontradas nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins. Nos demais estados, o babaçu é pouco frequente, podendo ser encontrado em algumas pastagens degradadas, florestas de capoeiras e bordas de florestas.